Tudo começou com o texto da Diane Ackerman In Every Sense, o texto introdutório do livro da autora chamado A Natural History of the Senses onde ela fala sobre os seus estudos sobre o mundo dos sentidos e aborda a relação deles com o ser humano.
"There is no way in which to understand the world without first detecting it throught the radar-net of our senses."
Para ela, todos nós buscamos nos sentidos um pouco do gosto da vida, que os sentidos são o segredo para entendermos o mundo. Nós humanos buscamos práticas que aumentem esses sentidos ao máximo, ao ponto de corrermos certos riscos para termos um gostinho deles.
Um exemplo que foi dado no texto que me chamou muito a atenção foi a comparação usada com a culinária japonesa. Ackerman nos conta que peixes venenosos, como o baiaicu, que são muito famosos no Japão, são servidos em restaurantes de prestígio, e que por serem tóxicos precisam de um profissional muito experiente para fazer a limpeza correta do peixe. Ela fala que os chefes mais excêntricos costumam deixar a quantidade de veneno suficiente para que seja possível sentir os lábios formigarem, para que o cliente saiba o quão perto da morte esteve.
Os sentidos atravessam as barreiras do tempo, nos conectando com o passado, e variam de cultura em cultura. Nesse caso, diferentes culturas buscam essas experiências de formas distintas. Quão estranho é pensar que os sentidos estão tão presentes na nossa vida, que nem ao menos paramos para pensar que eles movem praticamente todas as ações já feitas nas nossas vidas.
No texto é citado que muitos psicólogos sugerem que a mente não está restrita somente à cabeça ou no cérebro, mas ao corpo inteiro quando os sentidos estimulam o corpo. Podemos citar a história de Helen Keller, uma escritora nascida em 1880 cega, surda e muda. Ela foi a primeira pessoa com essas deficiências a conquistar um bacharelado e era capaz de apreciar a música através das vibrações com muita precisão, pois o seu tato era extremamente sensível. Ela foi capaz de experimentar tantas coisas em sua vida mesmo com poucos sentidos, ela foi capaz de conhecer o mundo através apenas do tato, olfato e paladar.
"Despite her hand-icaps, she was more robustly alive than many people of her generation."
De certa forma, ao mesmo tempo que os sentidos são uma dadiva, eles também podem ser grandes empecilhos durante a vida. Quando uma pessoa perde um de seus sentidos, seu corpo se adapta para que os outros fiquem mais sensíveis aos estímulos do mundo. Sem eles nossas vidas seriam sem graça, sem cor, sem som, sem cheiros, sem texturas e sem gosto.
Eu vejo tudo isso muito próximo do design, pois a todo momento buscamos melhorar a experiência do usuário, e levando em consideração que pelo menos um dos sentidos como tato, paladar, visão, olfato e audição serão atingidos em todo o projeto, é importante saber utiliza-los da melhor forma possível.
"We still create works of art to enhance our senses and add even more sensations to the brimming world, so that we can utterly luxuriate in the spectables of life."
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